10 de jun. de 2009

Os Desafios do Pregador - II Tm 4. 1 – 5.

INTRODUÇÃO
A Igreja Evangélica Brasileira vem crescendo e avançando ligeiramente nos últimos anos. Os mais otimistas dizem que hoje 1 em cada 6 brasileiros, professa Fé Evangélica.
Esse crescimento é bom e se torna um grande motivo de ações de graças, pois o avanço é enorme e mostra que as Igrejas estão de fato, empenhadas em um grande movimento de evangelização. Entretanto, na euforia de celebrar esse crescimento, alguns líderes parecem não perceber questões que continuam desafiando o movimento evangélico em nossos dias, e, uma delas é a crise DOUTRINÁRIA!
E o que é mais Lamentável é que esta crise não surgiu das seitas contrárias ao cristianismo, essa crise surgiu no meio do próprio povo evangélico. Uma boa parte da liderança Evangélica em nossa pátria está negociando princípios que são inegociáveis. Está comercializando e removendo as colunas da Fé Cristã, aderindo um pragmatismo oco e fantasioso, que não tem fundamento bíblico e nem compromisso com a verdade.
Outra parte vem trocando a verdade pelas estratégias de crescimento, por aquilo que “dá certo”, mas é bom que saibamos, nem sempre o que “dá certo” é a verdade. Muitos hoje, no afã de buscarem um crescimento, pregam não o que é certo, mais o que funciona. E uma área que foi afetada diretamente por esta crise, foi a Pregação da Palavra. Ela foi atingida impiedosamente, sem nenhuma consideração e temor, e por isso, tem sofrido uma diminuição, uma queda assustadora.
Vários segmentos evangélicos estão perdendo vigor nesta área que sempre foi um dos pilares da cristandade. Vem substituindo a pregação bíblica por uma abordagem genérica que, embora chame a atenção do povo em razão da natureza do seu discurso utilitário, não tem o mínimo compromisso com o conteúdo das Escrituras, e nem com a GLÓRIA DE DEUS. Outros, até tem preservado a pregação, porém, cada vez mais esvaziada da verdade, criando assim uma anomalia na Pregação, que sustenta uma visão centralizada no homem, não em Deus, que vem afugentando Cristo da temática central da pregação.
Em Sua proposta atenuada, a pregação não é mais a boa nova do Evangelho ou a boa notícia de Deus para os homens, porque o obscurantismo norteia esse movimento anômalo, e o resultado é uma Igreja doente que caminha errante e sem referencial.
Por isso, muitas Igrejas estão sofrendo e cambaleando, porque ela é a grande vítima desta situação adversa na qual foi sujeitada de forma violenta. Precisamos, portanto, refletir de forma urgente sobre essa crise que está instalada em nossos arraias, precisamos buscar com todo ímpeto de nosso ser, voltar a pregar a Palavra e somente a Palavra e nada mais que a Palavra, para que recebamos a marca, o status da “Verdadeira Igreja”, conforme preceitua a nossa valiosa Teologia Reformada.
D. Martyn Lloyde-Jones afirma que a “mais urgente necessidade da Igreja Cristã da atualidade é a pregação autêntica; e, posto ser a maior e mais urgente necessidade da Igreja, é obvio que também é a maior necessidade do mundo”.[1]
EXPLICAÇÂO
Meus amados em Cristo, a autêntica pregação da Palavra de Deus, também era a principal preocupação do Apóstolo Paulo. No texto que lemos, ele exorta o jovem pregador Timóteo a ser fiel e zeloso com a pregação, o desafia a não esmorecer, a não se vender, a não atender o paladar teológico adocicado dos inimigos da verdade.
Neste texto, Paulo se apresenta como aquele pai dedicado, que não quer ver seus filhos perdidos. Apresenta-se como um experiente e calejado pastor, que procura instruir os obreiros mais jovens a respeito do ministério, mais precisamente sobre a responsabilidade da Pregação. Por isso, suas epístolas endereçadas a Timóteo e a Tito são consideradas pastorais, são cartas de instruções, com conteúdo exortativo, com teor nouteticado e desafiador.
Notamos isto logo no primeiro versículo, quando o apóstolo apela à consciência de Timóteo ao que é mais sagrado conforme o versículo 1: “Conjuro-te perante Deus e Cristo Jesus...”, denotando assim, a importância e a responsabilidade do ministro em relação à Proclamação da Palavra.
Interessante, é que o experiente apóstolo não faz como alguns líderes, que apresentam um Evangelho triunfalista, lucrativo, docético, abstrato, alegorizado, onde tudo parece mágica, não! Ele mostra ao seu destinatário que a Pregação é uma tarefa árdua, um caminho estreito, espinhoso, uma missão cheia de obstáculos, que precisa ser compreendido pelos despenseiros de Deus.
A Pregação é um grande desafio para todo aquele que foi convocado por Deus para esta honrosa missão, um desafio ardente e urgente!
E este é o tema que quero partilhar com os irmãos: “OS DESAFIOS DO PREGADOR”.
Tema este que tem o objetivo de ressaltar alguns princípios, que vem sendo cada vez mais esquecido por uma boa parte dos pregadores, e justamente numa época tão necessitada da genuína Pregação do Evangelho de Cristo.
EM PRIMEIRO LUGAR, TEMOS O GRANDE DESAFIO DE PROCLAMAR A PALAVRA DO SENHOR (V.2).
No grego encontramos a palavra KERYSSO, que em sua forma prática significa “anunciar as boas novas da parte de Deus”. Teologicamente significa falar o que Deus falou.
É interessante que após a palavra KERYSSO, Paulo utiliza o substantivo LOGOS [2], que indica a imensa responsabilidade que envolve a Pregação da Palavra.
Com isso, vemos que Paulo não está persuadindo o jovem Timóteo a proclamar qualquer palavra, não está induzindo o neófito obreiro a anunciar uma simples mensagem. Ele exorta o jovem ministro a proclamar a Palavra, o Logos de Deus, o Verbo encarnado, o próprio Cristo.
Proclame a Palavra! Anuncie Jesus! Pregue a Palavra a tempo ou fora de tempo! Anuncie ao mundo inteiro o Cristo de Deus que veio salvar os eleitos por meio do seu sacrifício!
No capítulo anterior, o apóstolo faz uma firme e ampla defesa da Autoridade das Escrituras afirmando que Ela é: “Inspirada por Deus, útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a educação”, E agora ele conclama seu tutelado a aplicá-la no seu ministério, a proclamá-la com toda força, com todo coração e entendimento.
Olhando para o nosso contexto, vemos que esta exortação é bem atual. Em dias que muitos estão diminuindo a Palavra! Estão relativizando seu conteúdo! Ofuscando seu brilho, nós que professamos a Fé Reformada, temos a obrigação de colocá-la em seu devido lugar. Precisamos resgatar o sentimento dos reformadores, que defenderam a Supremacia da Palavra, a Centralidade da Palavra de Deus.
Eles não aceitaram a visão atenuada romana, onde a Proclamação da Palavra era simplesmente uma exposição dos dogmas e da tradição da Igreja. Não compactuaram com a idéia da época, que reduzia a Pregação da Palavra a um simples acessório litúrgico. Na concepção Reformada a Pregação da Palavra é o Principal Meio de Graça, pela qual Deus se revela aos homens de forma especial!
Dentro do escopo teológico Reformado, a Palavra é mais importante que as ordenanças que servem para selar a Palavra que foi proclamada, ou seja, a ministração das ordenanças não é completa sem a Palavra, pois a mesma não precisa de complemento, porque ela é o sustentáculo das demais ordenanças do Senhor.
E seguindo o pensamento paulino, os reformadores entenderam que a Proclamação da Palavra, deve ser a principal tarefa da Igreja, e a principal ocupação do ministro.
O reformador francês João Calvino, comentando sobre esta responsabilidade, afirma que: “A grande obra do pastor, na qual deve depositar as forças do seu corpo e mente, é a Pregação da Palavra, porque este é o grande instrumento que Deus tem em suas mãos para confirmar sua bendita eleição, salvando os pecadores e tornando-os aptos para a glória celestial. Ó, quanta honra nos deu Jesus, confiando a nós esta nobre obra! Boa coisa é visitar os enfermos, ensinar às crianças e vestir aos que estão nus. Também é bom atender ao ministério do diaconato, escrever ou ler livros. Porém, a principal e maior missão do ministro é Pregar a Palavra!” [3]
O ministro escocês Henry Jowett diz que: “O púlpito é nosso gozo, o nosso trono e a nossa valiosa ferramenta que Deus nos confiou. É a nossa torre de alerta, onde anunciamos as riquezas do céu e edificamos o Corpo Glorioso de Cristo”. [4]
Este é o enorme desafio para nós Pregadores hodierno. Nós que constantemente somos tentados a ceder ao modismo, às inovações que aparecem e desaparecem todos os dias. Precisamos compreender este propósito primário da Pregação. Resgatar este sentimento que nos dá a mais plena consciência, que a Proclamação da Palavra é a tarefa primordial e mais sublime da Igreja e dos seus ministros.
Por isso, o pastor Richard Baxter alertou seus colegas ministros sobre a ameaça da desvalorização da Pregação dizendo: “Não deixemos que nada diminua a Pregação da Palavra, pois quando o Ministro perde o zelo com a Pregação, está perdendo o zelo com o seu Senhor, está desvalorizando a si mesmo, correndo o risco de ouvir a dura sentença proferida pelo próprio Deus, no livro de Ez. Cap. 34. V 10: “Eis que Eu estou contra os pastores que se servem das minhas ovelhas.”[5]
Busquemos meus irmãos, esta visão tão elevada no que tange a Pregação, porque sem ela, a nossa mensagem se reduz a um eco desesperado, sem sentido, sem conteúdo e sem resultado.
Anunciemos a Palavra porque ela é o poder de Deus, para a salvação de todo aquele crer!
EM SEGUNDO LUGAR, TEMOS O GRANDE DESAFIO DE DEFENDER A VERDADE (VV. 2-4).
É claro que Palavra e Verdade se harmonizam, e podem criar uma redundância, na nossa exposição, mas analisando semanticamente as funções das duas palavras, vemos que cada uma recebe conotações submissas em suas ações.
Palavra e Verdade andam e trabalham juntas, uma sustentando a outra. A Palavra deve ser proclamada não aleatoriamente, mas em defesa da verdade, por isso, no versículo 2, Paulo sistematiza o conteúdo da sua predica, indicando a Timóteo os passos que ele deve seguir.
Defender a verdade aqui não é simplesmente criar um discurso polêmico, mas apologético. Nas palavras do Apóstolo ela recebe um significado muito mais abrangente, acentuando a luta contra todos os possíveis obstáculos existentes na época. Uma luta contra os opressores de plantão, contra os falsos mestres que se levantaram em oposição à verdade espalhando heresias sem nenhum temor.
Em sua sistematização da Pregação, Paulo desnuda sua coragem diante de Timóteo. Ele incute na alma do jovem pregador os imperativos da Pregação destemida e eficaz, mostrando que a defesa e o anúncio da verdade, muitas vezes não atende o paladar humano, mas cria um confronto entre a Verdade Restauradora de Deus e o coração corrompido dos homens. E segundo o Dr. Martin Lloyd Jones, “o coração corrompido dos homens é o ventre da mentira, onde ela se prolifera e atinge a plenitude de toda maldade”.[6] Isso nos dá a noção do desafio que Paulo estava incumbindo seu discípulo. Dá-nos a idéia do grande desafio que permeia o Ministério da Pregação.
E como nós já vimos no tópico anterior, a pregação é uma obra desafiadora, onde não existe lugar para os descamisados que se aventuram sem nenhum propósito. Ela não é obra para ser desenvolvida por pessoas que vivem oscilando entre céu e inferno. Por meninos que vivem agitados pelos ventos contrários de doutrinas que sopram fortemente em nossos dias. Por gente de psiques perturbadas, sentimentos confusos e indefinidos teologicamente. Mas por homens resolvidos, destemidos, transformados e comprometidos com a Verdade, que é Palavra de Deus. Homens que confiaram suas cabeças ao céu, seu coração ao Senhor e que doaram sua vida pela causa de Cristo.
O veterano apóstolo conclama Timóteo a exercer sua voz profética por meio da: “correção, repreensão, longanimidade e doutrina”, que são componentes da VERDADE anunciada implicitamente no Versículo 4.
Podemos entender também que Paulo está convocando seu discípulo a se PREVINIR, e, ZELAR pelo seu rebanho, contra os ataques dos inimigos da Verdade.
Esta convocação é urgente em nossos dias, devido aos constantes ataques que a Fé Cristã vem sofrendo na contemporaneidade. Como aconteceu no passado, vemos hoje também, muitos indivíduos na ânsia de construir uma nova realidade, um novo mundo, desfigurando a Verdade e criando várias partículas da mesma. Hoje muitos estão entronizando a razão como uma deusa, e cada vez mais o homem vem se tornando o centro e a medida de todas as coisas. A apostasia vem crescendo e se espalhando rapidamente, e no âmbito religioso, o pensamento moderno vem agredindo covardemente o Povo de Deus, atacando “A Inspiração e a Infalibilidade das Escrituras”.
Não é difícil encontrar grupos investindo contra a veracidade da Palavra de Deus, com uma falsa erudição que mostra que todos nós, filhos da ciência moderna, devemos remover as bases da nossa fé Bíblica. Isso sem falar nas correntes teológicas que surgiram nos últimos anos, como o câncer do liberalismo, que ainda vem produzindo incredulidade e confusão.
O Rev. John MacArthur em sua Obra “Com Vergonha do Evangelho” diz que:
“Tomemos cuidado, porque o liberalismo está bem vivo e muito mais perigoso do que nunca. No século passado era mais fácil combatê-lo porque era fácil identificá-lo, hoje ele transita em nosso meio destilando seu veneno sutilmente sem que a Igreja perceba antes de ser contaminada. Eles estão soltos, camuflados em nosso meio e minando diversas Igrejas, que estão perdendo seus membros e declinando maciçamente”. [7]
E não nos esqueçamos que o liberalismo teológico é fruto do racionalismo, do subjetivismo e de uma dialética filosófica, que não coadunam com a Verdade revelada na Palavra de Deus. Para eles a Bíblia não é a Palavra de Deus, ela simplesmente contém a Palavra de Deus. A Bíblia é em parte a Palavra de Deus e em parte a palavra de homens. Eles colocam a razão humana acima da totalidade das Escrituras, alterando sua essência, concedendo a mesma uma dupla natureza, divina e humana.
Eles negam e jogam no lixo, o cristianismo histórico, olham para o passado com desprezo e arrogância, jogam no esquecimento as glórias dos nossos pais e desdenham do empenho daqueles que investiram e se esmeraram arduamente na obra Senhor.
Meus queridos pastores, mestres amados, hoje, mais do que nunca, a verdadeira pregação das Escrituras precisa ser defendida! Isto porque, só existe uma forma para lutar contra o erro e combater a mentira que permeia diante de nós: Pregando e defendendo a verdade. Somente a fiel pregação bíblica arrancará as interrogações da mente humana, mostrará ao mundo quem são os falsos mestres e trará o real crescimento para a Igreja de Deus, por meio da Sã doutrina. E então, aqueles que sofrem de sarna espiritual, serão transformados ou afugentados do nosso meio.
Anunciemos, pois à verdade em defesa da nossa Fé, em defesa do puro Evangelho pregado por Cristo, e pelos mártires cristãos. A verdade nos impedirá, de vivermos tropeçando em plena luz do meio dia. Nos livrará dos lobos vorazes que atacam sorrateiramente o povo de Deus.
Os despenseiros de Deus devem anunciar e defender a Verdade, porque ela conduzirá os eleitos de Deus para a Nova Jerusalém, e também, qualificará a Igreja como autêntica Noiva do Senhor Jesus. Para Calvino, uma comunidade só poderia ser chamada de Igreja se houvesse nela a fiel pregação da Palavra, a correta administração dos sacramentos e a aplicação da disciplina eclesiástica, segundo a instituição de Cristo. Assim, somente essas três eram as marcas distintivas da Igreja, sem as quais não poderia ser chamada de Igreja. Ele diz que temos uma igreja, “onde quer que vemos a Palavra de Deus ser sinceramente pregada e ouvida, onde vemos serem os sacramentos administrados segundo a instituição de Cristo”.[8]
E, não nos esqueçamos! A Igreja é o depósito e o Baluarte da Verdade! Como depósito ela deve protegê-la e guardá-la, como se guarda um tesouro a sete chaves. Como baluarte, ela deve instruir seus filhos a viverem de forma digna e santa.
EM TERCEIRO LUGAR, TEMOS O GRANDE DESAFIO DE CUMPRIR CABALMENTE NOSSA MISSÃO (V.5)
Neste versículo 5, Paulo novamente se volta para Timóteo e faz um apelo bem pessoal. Ele projeta sobre Timóteo sua perspectiva em relação ao labor do seu discípulo, e, espera que Timóte assuma uma postura irrepreensível no ministério que abraçou.
Antes, ele tratou da pregação, agora num particular bem íntimo, ele trata do pregador. Ou seja, Paulo adverte ao iniciante obreiro a ser sóbrio e vigilante.
Isso indica auto-controle, definição pessoal, e impede que o ministro venha caminhar de um extremo a outro, evita uma inconstância na obra que abraçou, uma oscilação teológica e doutrinária.
Mas, o Apóstolo abrange sua recomendação e diz que o obreiro deve ser sóbrio em todas as coisas. Não basta cuidar somente da aparência, tem que ser de fato um Arauto de Deus! Não basta desfrutar das benesses desta obra, tem que entrar na comunhão dos sofrimentos de Cristo!
E todos nós sabemos que a convocação divina para pregação, nunca foi um convite para vivermos encastelados. Muitas vezes é cruzar desertos, áridos e sem vida na certeza que Deus esta conosco. Não é reclinar a cabeça em um travesseiro macio, como muitos pensam, mas é um chamado para uma vida consagrada a Deus, uma vida de muita dedicação e trabalho. Não é para preguiçosos. Não é para desocupados. É uma convocação que muitas vezes é um convite para o sofrimento. E quem não possuir a força conferida por Cristo, será aniquilado impiedosamente nesta caminhada.
Por isso o Apóstolo recomenda: “Suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista...”. Observando atentamente as palavras de advertências neste versículo, vemos que Paulo é uma pessoa decidida, prevenida e preocupada em preparar seu discípulo. E ele pinta um quadro bem atual para a nossa realidade universalizando sua exortação.
Infelizmente, digo isto com muito pesar, vemos hoje, muitas vezes que o movimento Evangélico brasileiro é mais conhecido e noticiado, por causa dos seus escândalos do que pelo seu fiel testemunho. As manchetes destacadas pelos noticiários, muitas vezes nos faz chorar. Foi-se a época em que a figura evangélica era respeitada simplesmente em sua pronúncia, era sinônimo de confiança. Em determinadas situações, temos que explicar porque somos cristãos protestantes. Qual é a nossa postura referente à fé cristã. E por que? Porque alguns líderes não atentam para esta passagem, para as recomendações do Apóstolo Paulo, e, por isso, prestam um verdadeiro desserviço ao Reino de Deus.
Sem falar, nas práticas obscuras, onde a ordem foi invertida. Em muitos segmentos denominados “evangélicos”, o sagrado é quem celebra o terreno. Destronaram o “TODO PODEROSO”, e em seu lugar colocaram uma frágil figura mística.
Quando Paulo fala sobre fazer o trabalho de evangelista, a tônica aqui é fazer de forma correta e fielmente o nosso trabalho. O obreiro não deve se desviar nem para direita e nem para a esquerda, mas ele deve prosseguir firmemente, olhando para o autor e consumador da sua fé. Ele deve empunhar, como bom soldado sua Bíblia, como seu maior estandarte, seguindo avante, proclamando todo o conselho de Deus aos homens.
Ele não deve viver numa redoma mesquinha, calculando os lucros e os prejuízos ministeriais, mas deve saber que no Senhor seu trabalho não é vão, não é infrutífero, não é inútil e sem propósito. Deus esta no controle da sua vida e de seu ministério.
Seu trabalho tem resultados eternos. Deve saber que o seu labor transcende este mero nível terreno, ganha as alturas, alcança o trono de Deus. Ele tem sentido para a sua vida e para a vida da Igreja no plano celestial de Cristo. Por isso, ele deve lutar e se manter íntegro em suas ações. Não deve ceder às tentações que o cercam. Não deve buscar as novidades do mercado da fé. Não deve aderir ao “outro evangelho” que é fantasioso e distante da realidade das Escrituras, do caminho da Cruz de Cristo.
Interessante é que Paulo liga duas funções que são fundamentais para a vida do ministro. No versículo 2, ele diz: “Prega a Palavra, corrige, repreende, exorta...” e agora adverte seu destinatário a fazer o trabalho de um evangelista.
Isso é uma descrição perfeita do ministro! Ele deve estar preparado para ambas às tarefas. Ele não é somente um orador, mas um homem apaixonado pelas almas. Ele não é somente um teorizador, mas um homem de ação, ele fala, ele faz, ele vive o que prega!
Ele não se deixa levar pelas facilidades do seu tempo, mas se esmera em fazer tudo àquilo que Deus confiou em suas mãos, visando à totalidade do seu chamado que é pregar, ensinar, exortar, repreender e evangelizar.
As palavras finais deste versículo 5, são um convite a Timóteo, para que ele busque viver o que professa. Para que ele não divorcie seu discurso da sua prática, mas viva integralmente, cumprindo sua missão de forma cabal, mediante a força que vem do Senhor.
E como nós precisamos aprender esta verdade! Nós que pregamos a Palavra de Deus, que temos uma teologia inquestionável, que possuímos uma ortodoxia imbatível, acima dos padrões existentes!
Nós precisamos viver de forma irrepreensível! Precisamos ter a coragem de anunciar ao mundo a mensagem de Cristo, apesar de constantemente ouvirmos o mundo dizer: não queremos ouvir essa mensagem! Não queremos o evangelho da Cruz!
Como despenseiros fiéis precisamos pregar com a certeza de que é o Espírito Santo que moverá os corações rumo a graça irresistível e a misericórdia de Deus.
Para o grande pregador do século XIX, Charles Haddon Spurgeon, qualquer tentativa de ensinar as Escrituras aos outros, e realizar a obra, é vã sem o auxilio do Espírito Santo. Ele diz que “a menos que o espírito dos profetas esteja repousando sobre nós, o manto que usamos não passa de um traje tosco e enganoso. [...] Se não temos o Espírito que Jesus prometeu, não podemos cumprir a comissão que Jesus nos deu”.[9]
Disse ainda que não somos chamados para proclamar filosofias e metáforas, mas o simples evangelho. A queda do homem, sua necessidade de novo nascimento, o perdão mediante a expiação de Cristo, e a salvação como resultado da fé, são estes os nossos machados de combate e as nossas armas de guerra.[10]
Meus pastores, presbíteros, mestres amados, cumpramos cabalmente o ministério que o Senhor depositou em nossas mãos, para o nosso bem e para glória eterna de Deus!
CONCLUSÃO
E voltando para o nosso contexto e fazendo uma radiografia de nossos dias, vemos que o nosso desafio é enorme. Ele é maior do que a nossa própria vida. Por isso precisamos dar a nossa vida para cumprir este desafio.
É nítido que estamos contemplando um crescimento numérico extraordinário em muitas igrejas na atualidade. Em nossa Pátria a estimativa é que quase 30% da população se declaram evangélicos. Hoje, de fato, temos uma massa, uma grande multidão ao nosso lado. Muitos estão trombeteando lá fora que o Brasil está experimentando um avivamento religioso, onde os evangélicos estão avançando rapidamente, mas quando olhamos para a realidade deste crescimento, para os porões eclesiais dos nossos dias, vemos uma outra bandeira sendo tremulada e não o estandarte da Cruz de Cristo.
Vemos em muitas igrejas, sendo pregado um evangelho raso, corrompido, desfigurado e sem essência. Vemos que este crescimento se limita as canelas dos seus anunciadores, e que suas igrejas estão sendo solapadas pelas heresias do passado e aviltadas pelas novidades do mercado da fé.
Por causa disto, o povo tem sido alimentado pelas migalhas que caem de uma mesa farta. Vive perdido, oscilando e tropeçando em pleno clarão. Vive confessando com o lábio, mas negando com seu coração. Vive atenuadamente aquilo que deveria viver plenamente.
E nós que temos a consciência desta realidade, não basta simplesmente jogar pedra no telhado do nosso vizinho, temos que primeiramente cuidar do nosso rebanho, protegendo-os destes ataques mortíferos, e em seguida, combater esta distorção que vem ganhando força e assustando a todos nós.
A esperança para a Igreja na atualidade passa pela volta à pregação fiel das Escrituras. Chegará o tempo em que as pessoas se sentirão cansadas dessas novidades. Contudo, a verdadeira pregação é sempre atual. A Palavra de Deus é pertinente. Ela jamais fica obsoleta.
Sejamos, pois irmãos, a tocha reluzente da Verdade! Servindo a Deus e Sua amada Igreja, com todo amor e dedicação.
Que Deus nos dê a graça, de sermos esses instrumentos para a fiel pregação das Escrituras. Que o Senhor fortaleça nossa frágil vida e capacite nossas mãos para esta santa e divinal peleja.
[1] LLOYD-JONES, Martin. Pregação e pregadores. 6º Ed. São Paulo: FIEL, 2003. p. 7.
[2] BIBLE WORKS 7.0.012g.
[3] MAIA, Hermisten. Calvino de A a Z. São Paulo – SP: Ed. Vida, 2006. pp. 188 - 191
[4] JOWETT, Henry. O Pregador sua Vida e sua Obra. p. 103
[5] BAXTER, Richard. O Pastor Aprovado. São Paulo – SP: Ed. PES, 1989. pp. 97-99.
[6] JONES, Martin Lloyd. Comentário Romanos: Vol. VI. pp. 223 - 225
[7] MAcCARTHUR, John. Com Vergonha do Evangelho. p. 164
[8] CALVINO, João. As Institutas ou tratado da religião cristã. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989. IV.i.9.
[9] SPURGEON, Charles Haddon. Lições aos meus alunos. Vol. 1. Trad. De Odayr Olivetti. São Paulo: PES, 2001. p.9.
[10] SPURGEON, Charles Haddon. Lições aos meus alunos. Vol. 2. Trad. De Odayr Olivetti. São Paulo: PES, 2001. p.119.

3 comentários:

Felipe M.Nascimento disse...

Paz em Cristo jesus eu gostei muito do teu Blog é mo benção... ((Veja))www.blog-vidaprofetica.blogspot.com deixe um comentaria blz até logo valeuuuuu...

Filipe Bento disse...

É verdade essa é a triste e pura realidade em nossas igrejas. Você já deve ter lido "A Guerra pela Verdade" de John MacArthur. Muito bom o artigo. Deus te abençoe! Abraço

Ricardo disse...

Prezados Felipe e Filipe,

grato pela visita. Deus os abençoe abundantemente!

Grande abraço.

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